sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tempo


Quase que já não sabia o que era ter tempo.Tive tantas saudades de acordar de manhã e simplesmente não ter de fazer nada.
O mais cansativo de todo o dia é talvez fazer o café de manhã ou fazer o caminho até à praia.
Amanhã vou surfar e, por mais incrível que me pareça, não vou ter de levar a "Aparição", nem "O quase fim do Mundo" , nem o livro de francês para preparar a oral.
Admito que o primeiro dia depois dos exames até me senti estranha. Estranhameente livre.
Já tinha limpado e arrumado o meu quarto, portanto não tinha mesmo nada de útil para fazer. Olhei para a minha estante de livros (frescamente arrumadinha haha) e vi um livro que tinha comprado já há algum tempo, "O meu Século" de Günter Grass, e, sem mais nada para fazer, comecei a lê-lo.
Sinceramente não gostei muito, desisti, primeiro porque o tema me lembrava demasiado à escola (história --') e segundo porque o livro era constituído por 100 diferentes históriazinhas contadas por 100 narradores diferentes.
Não gosto quando não me consigo identificar com as personagens nem com as suas histórias. Enfim, acabei por ir à praia, o que também não foi mau (:


Desde ontem estou a ler o quarto livro da saga Luz e Escuridão , "Amanhecer". Atrasada, como sempre- As minhas amigas fanáticas (haha desculpem) já o leram há muito mas eu adiava a sua leitura como todo o resto, não tinha tempo.
Ontem, porém, vi-o nas estantes lá no continente. Pensei no livro começado lá em casa e achei que não seria má ideia mudar de livro.
Fiquei um pouco contrariada quando a minha mãe o estampou como «literatura trivial» (sobretudo ela que tem centenas de livros sobre «como dirigir os fluxos de energia positiva para a nossa mente?»), mas não e importei.
Na verdade adoro aquela saga. Não sei porquê, normalmente até não gosto desse tipo de livros. Chamo-lhes livro de consumo e olhoos com um certo desdém (o que é um bocado nojento, eu sei) mas não sei, alguma coisa é diferente. Inspira-me. E entro no mundo da Bella e do Edward. é outro mundo, é sobretudo isso.

Bem, já nem sei porque é que comecei a escrever este post. Também não interessa. Ainda vou ter de teinar alguns anos para escrever posts interessantes, que sejam lidos haha
Enfiim, assim ao menos não me ocupa espaço no meu portátil rápidissimo (suponho ao menos)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Férias

Finalmente férias.
Verão, chegaste (:

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Exames

Estava a passar as dunas com a minha bicicleta e sentia o nevoeiro sobre o rio.
Estava a ouvir Pearl Jam, essa banda faz-me lembrar sempre ao ano em que comecei a surfar. Mas não era isso que me estava a preocupar naquele momento, não...eram os exames. Na minha mente estava apenas uma pergunta...porque é que temos de fazer exames? As aulas não são suficientes? O ministério não tem confiança na competência dos professores em atribuir notas justas?
Eu sei, todos os alunos devem perguntar-se isso... exames são cansativos, stressantes e supérfluos.
Está bem, até admito que este tipo de "revolta" é um bocado infantil...
mas para que é que nós fazemos exames, testes,...porque é que andamos na escola? Para termos boas notas e irmos trabalhar? E o trabalho, para que é que nos serve? Para ganhar o nosso pão,óbvio...Mas o pão serve para quê? Para nos alimentar, óbvio também. E para que é que nos temos de alimentar? PARA VIVER. Mas será que uma vida feita apenas de trabalho vale a pena? Não seria mais gratificante ter uma hortinha com algumas alfaces, algumas galinhas e uma macieira? Teríamos sem dúvida mais tempo para a família, para os amigos e para a natureza. Para quê então ganhar dinheiro? Para adquirir bens materiais. Fantástico. Será esse o sentido da vida?

De que nos servem então as boas notas? Olhei para os pescadores felizes, e pensei que ser pescadora até não era má profissão. Estar todos os dias em contacto com o mar e não ter que estar inserida nesta sociedade que se está a tornar cada vez mais mesquinha, hipócrita e «apodrecida»....oh, não sei, não sei.

O que é certo é que alguma coisa em mim diz-me que devo continuar. Quando tiver concluído os estudos talvez pense em «emigrar» para a natureza
.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sininho


Esta é a terceira e última mensagem de hoje mas, sem dúvida, a mais importante...para ti, Sininho:

Silvaninha, hoje fazes anos, é o teu dia! Parabéns minha querida ! Em primeiro lugar quero desejar-te tudo de bom , muitos amigos, amor e felicidade. Enfim, espero que tenhas tudo o que desejas, porque o mereces.
Nunca sei o que escrever nestas cartas de aniversário. É bem difícil Silvaninha! Estou aqui sentada à frente do lento portátil e procuro as palavras perfeitas. Não, hoje não estou definitivamente inspirada. Passam-me mil ideias pela cabeça…
Há algum tempo encontrei um comentário que me fizeste há três anos atrás (foi há muito tempo, o que desculpa a costela basofa haha):

“mt bonitah na pic...
ya a gente naum se conhece mas xte ano vamox paxar-nos a conhecer...:)
tmb pareces ser mt simpatika xD
xpero ke a gente se de bem....
olha se kixeres da me o teu mail ou adiciona me para a gente falar
fika bem
bjO”

Sim, adicionei-te. E falámos. E passámos a conhecer-nos num ano fantástico na mesma turma (em que as aulas de francês devem ter sido o cúmulo…). Mas o mais importante, Sininho, é que nos tornámos verdadeiras amigas. É verdade, a rapariga que mal conhecia tornou-se, sem dúvida, numa das pessoas mais importantes na minha vida.
Posso dizer que tu e a Cristiana tornaram-se, ao longo destes dois anos, mais do que simples amigas para mim. Sinto-me bem convosco. Não imagino a escola, ou, melhor, a minha vida, sem as minhas duas vizinhas. Acho que nunca vos agradeci verdadeiramente por esperarem todos os intervalos por mim. Ah, e pelas nossas horas de almoço… sobretudo o facto de ser sempre eu a primeira na fila - -‘. Oh e não me posso esquecer das nossas tentativas frustrantes e fracassadas de passarmos à frente haha
Também não me posso esquecer das vossas palavras sinceras, encorajadoras, amigas, enfim…são aquelas que eu preciso para viver, que me fazem feliz, que iluminam um pouco os dias aborrecidos de escola. E quando digo isto falo a sério, não são meras palavrinhas, bem como vocês não são simples companhias.
São verdadeiras amigas. São amigas maravilhosas, com as quais tanto posso ter conversas sérias ou patetas como agradáveis silêncios. É fácil estar convosco…parece existir uma união inexplicável entre nós as três…sinto-me tão bem convosco, sinto que sou aceite apesar da minha constante distracção e de todos os outros defeitos, enfim, sinto-me livre de ser eu própria.
E acho que é precisamente isso que resume a nossa amizade: a naturalidade. Sim, sobretudo a naturalidade. Cada uma é como é e não se esconde por trás de nenhuma máscara.
Obrigada por isso, adoro-vos.
Por fim, Silvaninha, deixo-te muitos beijinhos e um grande abraço. És a pessoa mais querida que existe à face da Terra, continua a ser assim como és.
xxx

Quem sou eu?


No ano de 1991 nasceram duas crianças, uma chamada Lisa e a outra chamada Laila. Era Agosto em Berlim, o único mês que deixa passar o sol naquele país cinzento. Os pais das duas crianças não gostavam daquele País cinzento. Não gostavam dos perigos da cidade.
Num dia chuvoso de Novembro o pai foi ao infantário, não para trabalhar, mas para despedir-se. A mãe fez o mesmo. Assim, três meses depois encontraram-se numa pequena aldeia de pescadores - Ferragudo. Renovaram a velha casa que tinham comprado e plantaram flores no jardim.




Tento lembrar-me daquele tempo. Do cinzento. Da neve. Dos vizinhos. Da Alemanha. Não consigo. Só me lembro da praia. Dos ovos de chocolate derretidos que o coelho da Páscoa escondia no campo. Das amendoeiras em flor e do cheiro a mel. Lembro-me também do mar. De como aprendi a nadar. Lembro-me de darmos açúcar às formigas do jardim do meu melhor amigo.


Quatro anos depois deste ano de 1991, as duas crianças foram para a pré-escola em Ferragudo.

Ah, desse tempo lembro-me bem. Conheci as minhas primeiras verdadeiras amigas. Uma delas tinha cavalos. Desenhava patos e ursos a construírem casas. Subíamos telhados e pulávamos para os jardins dos vizinhos para desvendar os seus mistérios.
Brincava horas e horas no jardim com a minha irmã. Vivia num outro mundo, no mundo que a minha irmã e eu construíamos quando brincávamos às bonecas. Tenho saudades do professor Brum, o professor das nossas bonecas. Tenho saudades de acordar ao nascer do sol para que a Ana e as outras pudessem aprender aonde é que nascia o sol. Tenho saudades das aulas de biologia que inventávamos para elas. Das sementes que enterrávamos no jardim para ver nascer um novo ser vivo.
A vida era uma aventura. Era…mas ainda o é?



As duas crianças cresceram. Passaram a escola primária e a escola básica como num voo.

A primária. Gostei desse tempo. A Dona Nancy contava-nos a dura vida durante a ditadura. Sabia a tabuada de cor. Escrevia composições e jogava ao berlinde nos intervalos. Tudo era fácil. Gostava de aprender, porque assim a minha irmã e eu podíamos ensinar coisas novas às nossas bonecas. Isto mudou-se quando mudei de escola. A nova escola era diferente. Quase ninguém gostava de escola. Ninguém ouvia as professoras. Não percebia aquelas crianças.
Cresci. Deixei de brincar com bonecas. A escola ia até tarde, os professores marcavam trabalhos de casa e queriam que nós estudássemos para os testes. Alguém estava a tomar conta do meu tempo. Alguém estava a roubar o meu tempo. Foi a partir daí que passei a encarar a escola como obrigação. Já não podia ir à praia quando quisesse nem ficar o tempo que quisesse no mar. Podia deixar de seguir as minhas obrigações. Mas nunca consegui fazê-lo. Não gostei de estar condicionada pela escola.




As duas crianças já não são crianças. Têm 17 anos e estudam em Portimão. Uma estuda Artes visuais e a outra Línguas e Humanidades. Nenhuma seguiu ciências como dantes queriam.

Já não ando na mesma escola que a minha irmã. Sinto-me diferente. Passo a ser chamada como Laila e não como «gémea». É avaliado o que eu faço e não o que «nós» fazemos. Sou «uma» pessoa e não duas. Talvez é por isso que ás vezes sinto uma certa pressão. Não há ninguém que me possa salvar se eu falhar. Não há ninguém que me diz sinceramente quando estou errada.
Não me lembro muito bem do tempo antes de mudar para a escola secundária. Só me lembro do mar. Quando comecei a praticar o desporto que me ligou ainda mais ao mar, não precisava de muito para ser feliz. A minha prancha e boas ondas chegavam para isso. Tinha tudo. O mar, a família e amigos. Uma decisão como aquela – decidir o curso, a escola que iria frequentar - não me convinha nada. Decidir o curso que iria frequentar durante 3 anos. Isso iria significar mudança. Não queria mudar nada. Enfim, tive tomar uma decisão. Pensei em ir para artes visuais. Estranhamente não pensei em ciências. Talvez porque o curso se chama ciências e tecnologias. Tecnologias. Esse “tecnologias”. Ligava esse termo ao mundo material. Ao mundo das pessoas que estavam a ficar cada vez mais superficiais, que não têm interesses senão o novo telemóvel no mercado. Estava indignada com aquele falso mundo composto por pessoas perfeitas, modernas e “tecnologias”. Eu sei, é um pouco estúpido. Hoje não me arrependo muito por não ter seguido ciências. Em ciências aprenderia apenas aquilo que já existe.
Assim, decidi ir para um curso de que gostasse. Sempre gostei de ler. Quando leio sinto que estou noutro mundo. Adoro terminar um livro e sentir saudades das suas personagens.
Hoje aprendo a ler poesia. Oiço o passado e vejo o presente. Vejo o presente mas não o consigo realmente “sentir”. Falta me tempo. Tempo. Uma coisa tão abstracta. A falta de tempo está a fazer de mim uma pessoa que não quero ser. Apressada. Às vezes dou por mim a correr pela vida sem olhar para o lado. Sinto rotina. Será monotonia? Antes tinha tempo para ler. Hoje mal tenho tempo para ler os livros que devo ler para a escola. Devo…antes lia por prazer, hoje essa paixão que eu sempre tive está quase a transformar-se em obrigação.
É Dezembro. A casa em que as duas raparigas vivem está decorada, a árvore de natal espalha o seu cheiro por toda a casa. Lisa está no seu quarto a terminar um desenho e Laila está deitada no sofá a ler. Daqui a pouco tempo passou outra vez um dia. Um dia, dois dias, meses, anos. O tempo passa e ninguém parece aperceber-se disso. Os acontecimentos passam a ser lembranças. Algumas dessas lembranças ficam para sempre na memória, outras perdem-se na almofada do subconsciente. As lembranças das duas raparigas foram, até certo ponto da sua vida, as mesmas. No entanto, o cérebro não é o mesmo. Uma vê as coisas com um determinado ponto de vista e a outra doutro. Hoje, as lembranças das duas raparigas já não são as mesmas. Os acontecimentos das duas vidas são diferentes. Daqui a 10 anos uma das raparigas poderá estar a estudar em Inglaterra e outra em Lisboa. O passado será uma mera lembrança. Uma lembrança que daqui a 100 anos não terá sequer a almofada de um subconsciente. Essa lembrança estará longe deste mundo. Talvez noutro mundo. Talvez não será «nada». Ar.





Sim, o tempo é como um rio que leva consigo as mais diversas coisas. Leva consigo acontecimentos e lembranças. Se não travarmos este rio, ele desaguará num imenso oceano, em que nada se poderá fixar. Por isso é necessário construir uma barreira que deixe pelo menos algumas lembranças, alguns acontecimentos, algures no mundo, em que alguém o poderá encontrar.




Talvez as duas raparigas pensaram nisso. Uma vai utilizar novas casas ecológicas para construir a sua barreira. Outra irá construir a sua barreira com pensamentos, com livros talvez. Ou com jornais. Quem sabe se essas barreiras serão suficientemente fortes para resistir à força do rio.
Se não for, também não faz mal. Alguns pensamentos, alguns acontecimentos e lembranças têm de desaguar no imenso oceano. Senão ele perderia o seu mistério. As suas lendas e a sua sabedoria.




Então sacrifico o meu tempo para não o perder…é isso? Sim, talvez é isso. Não sei. Vou perguntar ao mar, talvez as lembranças que o rio do tempo levou para ele tenham resposta.
Talvez também digam que o importante na vida é viver. Talvez essas lembranças que estão no imenso oceano nem se importam de lá estar. Será?
Mas não posso viver à mesma? Não posso deixar as minhas lembranças cá na terra sem ter que levar uma vida apressada?! Sim, devo conseguir. Hei-de tentar travar o rio do tempo. Hei-de deixar as minhas lembranças na terra. Mas, sobretudo, irei viver. Por isso vou parar de escrever esta lembrança, este tijolo para a barreira, para ir «viver».

Blog?




Olá!


Bem, neste preciso lugar deveria aparecer um texto introdutório, um «sobre mim» talvez.
 Ok, sou a Laila, nasci em Berlim, tenho 18 anos e estudo em Portimão, no 12º ano de Línguas e Humanidades.
Adoro tudo o que tenha a ver com natureza, mas ao mesmo tempo tenho um grande fascínio ppr cultura, especialmente pela literatura, abre-me portas de mundos desconhecidos e fantásticos.
 Ah e odeio escrever textos introdutórios :P